terça-feira, 26 de abril de 2011

Picada sem risco

Criado mosquito transgênico que combate a malária. Os cientistas o modificaram geneticamente para que tenha olhos verdes, de fácil identificação, e que consiga se reproduzir mais do que o normal


O combate à malária, doença que chega a atingir um caso por 1.000 habitantes em algumas regiões da Amazônia, pode ter ganho um valioso aliado. Na semana passada, uma equipe da universidade americana Johns Hopkins anunciou a criação de um mosquito geneticamente modificado que se torna imune ao plasmódio, o parasita causador da malária.
Dessa forma, mesmo que ele sugue o sangue de animais contaminados com a doença, suas picadas não a transportam para os seres humanos. Para erradicar a malária de uma região, a idéia é introduzir dezenas de milhares deles nas áreas infestadas pelos mosquitos que transmitem a doença.
Caso se repitam os resultados obtidos em laboratório, os mosquitos transgênicos, que vivem mais e colocam maior quantidade de ovos, poderão suplantar em quantidade a população de mosquitos nocivos. O chefe da equipe da Johns Hopkins é o cientista brasileiro Marcelo Jacobs-Lorena, radicado nos Estados Unidos.
O mosquito geneticamente modificado - cujos olhos são verdes fluorescentes para facilitar a identificação - foi apresentado pela primeira vez por seus criadores há cinco anos, mas temia-se que ele não fosse resistente o suficiente para vencer a competição pela sobrevivência com o transmissor do plasmódio.
Experiências recentes mostram que o projeto evoluiu. Foram colocados 1.200 mosquitos de cada tipo numa estufa com ratos contaminados pela malária. Em apenas nove gerações, o mosquito transgênico já representava 70% da população da estufa. O próximo passo é testar o novo mosquito a céu aberto.